Nos encontramos num ponto do ciclo econômico no Brasil de informações conflitantes. Há uma mistura de notícias boas e ruins. Obviamente, no médio prazo, estas informações culminam num ponto comum. De maneira geral, as pessoas acreditam que um cenário positivo é recheado de indicadores positivos e vice-versa. Entretanto, não é tão simples assim.
Vamos às notícias positivas. O setor industrial está num grau de atividade melhor do que o ano passado. A atividade do setor industrial está acima do período pré-pandemia. Todavia, o desempenho de diferentes atividades industriais está desempenhando de maneiras diferentes. A recuperação se dá, principalmente, pela atividade de bens não-duráveis, como alimentos e bebidas.
Segundo o IBGE, os dados estão de acordo com o PMI. Mesmo tímida, a recuperação é evidente. A indústria, com o setor de serviços, contribui para a recuperação de empregos. O dado divulgado do PMI de abril abre frente para mais recuperação do setor e para uma maior geração de empregos. O índice de novos pedidos (new orders) é um indicador antecedente muito interessante. Há a indicação evidente de que as carteiras para os próximos meses está crescendo de maneira robusta, geralmente, leva a números melhores nos meses subsequentes.

Onde temos problemas? Infelizmente, há uma sinalização preocupante na saúde financeira das empresas. Segundo o SERASA, o número de empresas pedindo recuperação judicial (RJ) vem crescendo num ritmo perigoso, no mesmo nível do período da crise Dilma. O problema vem se concentrando nas micro e pequenas empresas dos setores de serviços e comércio.

Ainda, o número de pessoas inadimplentes permanece alto. Até fevereiro, o SERASA apontava que 72 milhões de pessoas permanecem inadimplentes. Este patamar é considerado alto e se mantém desde maio do ano passado. Segundo os dados, as financeiras apresentam um crescimento na exposição desta inadimplência. O cenário é delicado. Há uma melhora na perspectiva de consumo, porém, estamos chegando num ponto crucial quanto à sustentabilidade do processo. Tudo vai depender da dinâmica do poder de compra.
