Na última divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou um aumento de 0,30% em julho de 2024. Este valor é 0,09 ponto percentual (p.p.) menor que a taxa registrada em junho (0,39%). Com isso, o IPCA-15 acumula uma alta de 2,82% no ano e 4,45% nos últimos 12 meses, superando os 4,06% observados no período anterior. Embora a inflação ainda seja uma preocupação, os impactos do alto câmbio ainda não foram detectados significativamente.

Contextualização do IPCA-15
O IPCA-15 é considerado uma prévia da inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ele mede a variação dos preços para o consumidor em um período específico, abrangendo as famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos nas principais regiões metropolitanas do Brasil.
Desempenho do IPCA-15 em Julho
Principais Contribuições para a Inflação
Em julho, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta, com destaque para Transportes e Habitação:
- Transportes: Registrou a maior variação e impacto positivo, com alta de 1,12% e contribuição de 0,23 p.p. As passagens aéreas tiveram um aumento significativo de 19,21%, contribuindo com 0,12 p.p. no índice mensal. Além disso, os combustíveis subiram 1,39%, com destaque para a gasolina (1,43%) e o etanol (1,78%).
- Habitação: Apresentou um aumento de 0,49%, impactando 0,07 p.p. no índice. A energia elétrica residencial subiu 1,20%, influenciada pela vigência da bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. Reajustes tarifários em diferentes regiões, como Belo Horizonte (6,76%) e São Paulo (-2,43%), também contribuíram para esse resultado.

Por outro lado, o grupo Alimentação e Bebidas registrou uma queda de 0,44%, interrompendo uma sequência de oito meses consecutivos de alta. Este recuo foi influenciado principalmente pela redução nos preços de itens como cenoura (-21,60%), tomate (-17,94%), cebola (-7,89%) e frutas (-2,88%).
Análise Regional
A variação do IPCA-15 foi observada de forma distinta entre as áreas pesquisadas:
- Brasília: Apresentou a maior variação regional (0,61%), influenciada pelas altas nas passagens aéreas (13,68%), taxa de água e esgoto (5,02%) e gasolina (2,94%).
- Recife: Teve o menor resultado, com uma deflação de -0,05%, devido às quedas nos preços do tomate (-37,13%) e da cenoura (-28,27%).
Perspectivas e Impactos
Mercado de Transportes
O aumento significativo no grupo de Transportes, especialmente nas passagens aéreas, reflete uma demanda elevada, possivelmente influenciada pelo período de férias escolares. Esse fator, aliado ao aumento dos combustíveis, pode continuar pressionando a inflação nos próximos meses, caso não haja uma desaceleração.
Alimentação e Bebidas
A queda nos preços dos alimentos, especialmente os consumidos em domicílio, traz um alívio momentâneo para o bolso dos consumidores. No entanto, é crucial monitorar a sustentabilidade dessa queda, considerando possíveis variáveis sazonais e climáticas que podem impactar os preços futuros.
Habitação
Os reajustes na energia elétrica e na taxa de água e esgoto destacam a importância de políticas públicas eficazes para controlar esses custos, que impactam diretamente o custo de vida das famílias.
Panorama
Apesar da desaceleração do IPCA-15 em julho, a inflação continua sendo uma preocupação para a economia brasileira. O aumento nos preços dos transportes e habitação, além da volatilidade nos preços dos alimentos, são fatores que requerem atenção. A influência do alto câmbio ainda não se manifestou de forma significativa, mas sua potencial pressão inflacionária deve ser monitorada de perto.
FAQ
O que é o IPCA-15?
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) é uma prévia da inflação oficial do Brasil, medindo a variação dos preços para o consumidor em um período específico. É calculado pelo IBGE e abrange as famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos nas principais regiões metropolitanas do país.
Como é calculado o IPCA-15?
O IPCA-15 é calculado com base na coleta de preços realizada entre o dia 15 do mês anterior e o dia 15 do mês de referência. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, mas com um período de coleta de preços diferente e abrangência geográfica específica.
Como está a inflação hoje?
Em julho de 2024, o IPCA-15 registrou um aumento de 0,30%, acumulando alta de 2,82% no ano e 4,45% nos últimos 12 meses. Embora a inflação esteja desacelerando, a preocupação permanece devido ao impacto dos preços dos transportes e habitação, enquanto os efeitos do alto câmbio ainda não foram plenamente observados.