A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) referente ao mês de junho. O relatório trouxe informações importantes sobre o estado do endividamento das famílias brasileiras, destacando tanto a estabilização do endividamento quanto os impactos específicos causados pela recente crise climática no Rio Grande do Sul.
Situação Atual do Endividamento das Famílias
O percentual de famílias brasileiras endividadas permaneceu em 78,8% em junho de 2024, similar ao observado em maio (78,8%) e ligeiramente acima do registrado em junho do ano passado (78,5%). Essa estabilização ocorre após três meses consecutivos de alta no endividamento, indicando que as famílias estão se ajustando para conter o avanço das dívidas em atraso.
Apesar da estabilidade no endividamento geral, houve uma melhora no perfil do crédito das famílias. O percentual de pessoas que se consideram "muito endividadas" caiu para 17,2%, enquanto aquelas que se consideram "pouco endividadas" aumentaram para 33,7%. Esses dados sugerem que as famílias estão conseguindo gerenciar melhor suas finanças, ainda que o endividamento continue alto.
Impacto da Crise Climática no Rio Grande do Sul
A recente crise climática no Rio Grande do Sul, caracterizada por enchentes devastadoras, trouxe um aumento na necessidade de crédito entre as famílias afetadas. Isso impulsionou o endividamento no estado, impactando o resultado nacional da PEIC. Sem os dados do Rio Grande do Sul, o endividamento nacional teria recuado para 78,4%.
Apesar do aumento na demanda por crédito, a inadimplência no Rio Grande do Sul apresentou uma leve redução de 0,2 pontos percentuais, indicando que as medidas de apoio às famílias afetadas começaram a surtir efeito. No entanto, a tragédia climática destacou a vulnerabilidade das famílias de baixa renda, que aumentaram seu endividamento mesmo diante de uma piora nos indicadores de inadimplência.
Análise por Faixas de Renda
Ao analisar os dados desagregados por faixas de renda, observou-se que as famílias de menor renda (até 5 salários mínimos) apresentaram aumento no endividamento, necessitando recorrer a crédito para manter seu padrão de consumo. Em contrapartida, as famílias de renda mais alta (acima de 10 salários mínimos) mostraram uma redução no endividamento, pois possuem mais recursos próprios para adquirir bens essenciais.
O percentual de famílias com dívidas em atraso por mais de 90 dias aumentou para 47,6%, o maior nível de 2024, revelando que os atrasos estão perdurando por mais tempo. Entretanto, houve uma diminuição do percentual de consumidores que possuem mais da metade de seus rendimentos comprometidos com dívidas, o que indica um esforço para melhor controle financeiro.
Panorama
A divulgação da PEIC de junho de 2024 revela uma estabilização no endividamento das famílias brasileiras, após meses de alta. A crise climática no Rio Grande do Sul desempenhou um papel significativo ao aumentar a necessidade de crédito no estado, impactando os números nacionais. A melhora no perfil de crédito das famílias e a leve redução na inadimplência no Rio Grande do Sul são sinais positivos, mas o endividamento continua sendo um desafio, especialmente para as famílias de baixa renda.
FAQ
O que é o PEIC?
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é um estudo mensal realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde 2010. A pesquisa coleta dados de aproximadamente 18 mil consumidores em todas as capitais brasileiras e no Distrito Federal, com o objetivo de traçar um perfil do endividamento e inadimplência das famílias, monitorando indicadores como o percentual de famílias endividadas, tipos de dívida, nível de endividamento e tempo de comprometimento com dívidas.
Como está o endividamento das famílias brasileiras?
O endividamento das famílias brasileiras estabilizou em 78,8% em junho de 2024, após três meses de alta. O percentual de famílias com dívidas em atraso aumentou para 28,8%, enquanto o percentual de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas permaneceu em 12%. A crise climática no Rio Grande do Sul contribuiu para a estabilização do endividamento nacional, pois as famílias do estado precisaram recorrer mais ao crédito para ajustar seus orçamentos.