O custo da cesta básica é um indicador crucial para entender o poder de compra das famílias brasileiras e a pressão da inflação sobre os bens de consumo essenciais. Em maio de 2024, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) divulgou que o valor dos alimentos básicos aumentou em 11 das 17 capitais brasileiras pesquisadas. Este post examina os principais fatores que contribuíram para essas variações, destacando as cidades com maiores altas e quedas, bem como o impacto no salário mínimo.
Aumento do Custo da Cesta Básica
Cidades com Maiores Altas
Entre abril e maio de 2024, as elevações mais significativas no custo da cesta básica foram registradas em Porto Alegre (3,33%), Florianópolis (2,50%), Campo Grande (2,15%) e Curitiba (2,04%). Em Porto Alegre, a alta pode ser atribuída, em parte, às enchentes que afetaram a logística e a oferta de produtos. Em Florianópolis, a variação foi impulsionada pelo aumento nos preços de alimentos como batata e leite.
Essas elevações refletem as dificuldades enfrentadas pela população dessas cidades, onde a cesta básica alcançou valores elevados, afetando diretamente o orçamento familiar. Porto Alegre, por exemplo, registrou um custo de R$ 801,45, enquanto Florianópolis ficou em R$ 801,03. Essas altas são especialmente preocupantes em um cenário de renda estagnada e inflação persistente.
Cidades com Quedas nos Preços
Por outro lado, algumas capitais registraram quedas nos preços da cesta básica. Belo Horizonte apresentou a maior redução, com uma queda de -2,71%, seguida por Salvador, com -2,67%. Em Belo Horizonte, essa diminuição foi impulsionada pela redução nos preços de itens como o feijão e a banana, que apresentaram maior oferta.
As reduções observadas em Salvador refletem uma melhora temporária na oferta de certos produtos, o que aliviou a pressão sobre os preços. Belo Horizonte e Salvador foram as únicas capitais a mostrar uma variação negativa significativa, aliviando parcialmente o orçamento das famílias locais.
Detalhamento dos Produtos da Cesta
Produtos com Maior Aumento
Entre os produtos que compõem a cesta básica, alguns registraram aumentos expressivos entre abril e maio. O preço do quilo da batata, por exemplo, subiu em todas as capitais do Centro-Sul, com variações que foram de 17,92% em Goiânia a 44,32% em Campo Grande. Este aumento foi consequência da baixa oferta devido à transição entre safras e às condições climáticas adversas.
Outro produto com aumento significativo foi o leite integral, que ficou mais caro em 16 das 17 capitais pesquisadas. Em Porto Alegre, o preço subiu 12,41%, refletindo a entressafra e a menor oferta no campo. Arroz e café também apresentaram elevações notáveis, com o café em pó registrando variações entre 0,69% em Belém e 9,66% em Recife, devido a preocupações com os estoques globais.
Produtos com Redução nos Preços
Contrapondo os aumentos, alguns produtos tiveram redução nos preços. O feijão, tanto do tipo preto quanto carioquinha, registrou quedas em todas as capitais. No Sul, as variações para o feijão preto ficaram entre -12,54% em Curitiba e -5,90% em Florianópolis. Já o feijão carioquinha teve queda mais expressiva em Campo Grande (-7,59%) e Salvador (-6,99%).
Essas reduções foram possibilitadas pela colheita da segunda safra, que aumentou a oferta e garantiu o abastecimento, resultando em preços mais baixos no varejo. Além disso, a banana e o açúcar refinado também tiveram preços reduzidos, aliviando um pouco o custo total da cesta básica em várias regiões.
Impacto no Salário Mínimo
O impacto do aumento do custo da cesta básica no salário mínimo é significativo. Em São Paulo, o valor da cesta chegou a R$ 826,85, representando 63,31% do salário mínimo líquido após os descontos previdenciários. Em maio de 2023, esse percentual era de 64,85%, indicando uma leve melhora, mas ainda assim demonstrando a alta proporção da renda comprometida com a alimentação básica.
Em termos de tempo de trabalho, um trabalhador remunerado pelo salário mínimo em São Paulo precisou trabalhar 128 horas e 50 minutos para adquirir a cesta básica em maio de 2024, comparado a 128 horas e 12 minutos em abril. Esses números ressaltam a pressão contínua sobre os trabalhadores de baixa renda, que dedicam uma parte substancial de suas jornadas para garantir a alimentação da família.
Horizonte
A análise do custo da cesta básica em maio de 2024 revela um cenário complexo e desafiador para a maioria das famílias brasileiras. As variações nos preços dos alimentos básicos, impulsionadas por fatores climáticos e de oferta, demonstram a vulnerabilidade do consumidor frente às flutuações do mercado. Enquanto algumas capitais viram um alívio nos preços, outras enfrentaram aumentos significativos que impactaram diretamente o poder de compra.
Com um cenário inflacionário ainda incerto, é crucial monitorar essas variações e entender os fatores subjacentes para formular políticas públicas eficazes que possam mitigar os impactos sobre a população. A necessidade de ajustes no salário mínimo e medidas para garantir a estabilidade dos preços dos alimentos básicos são imperativas para melhorar a qualidade de vida das famílias brasileiras.
FAQ
Quais são os itens da cesta básica?
A cesta básica é composta por um conjunto de alimentos essenciais para a nutrição diária de uma pessoa. Os itens normalmente incluem arroz, feijão, carne, leite, pão, café, açúcar, óleo, batata, tomate, farinha, frutas e verduras. Esses produtos são selecionados com base na sua importância nutricional e no consumo habitual das famílias brasileiras.
Qual é o valor de uma cesta básica hoje?
Em maio de 2024, o valor da cesta básica variou significativamente entre as capitais brasileiras. São Paulo apresentou o custo mais alto, atingindo R$ 826,85, enquanto nas cidades do Norte e Nordeste, como Aracaju, Recife e João Pessoa, os valores foram mais baixos, sendo R$ 579,55, R$ 618,47 e R$ 620,67, respectivamente. Essas variações refletem diferenças regionais nos preços dos alimentos e na composição da cesta.
O que deve ter em uma cesta básica?
Uma cesta básica deve conter alimentos que garantam uma dieta equilibrada e nutritiva. Itens essenciais incluem arroz, feijão, carne (bovina ou de frango), leite, pão, café, açúcar, óleo de cozinha, batata, tomate, farinha, frutas (como banana) e verduras. A composição pode variar um pouco dependendo da região, mas esses produtos são fundamentais para atender às necessidades nutricionais diárias de uma pessoa ou família.