Nesta quinta-feira, 27 de junho, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou os dados do Índice Geral de Preços – Mercado (IGPM) para o mês de junho. Segundo o órgão, o IGPM registrou uma variação de 0,81% em junho, ligeiramente abaixo da taxa de 0,89% observada em maio. Com esse resultado, o índice acumula alta de 1,10% no ano e 2,45% nos últimos 12 meses.
Composição do IGPM e a Dinâmica dos Seus Componentes
O IGPM é composto por três índices principais: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). A evolução desses componentes oferece uma visão abrangente sobre a variação de preços em diferentes setores da economia.
Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA)
O IPA, que mede a variação de preços no setor atacadista, subiu 0,89% em junho, uma desaceleração em relação à alta de 1,06% em maio. Esta desaceleração foi influenciada principalmente pelo grupo de Bens Intermediários, cuja taxa caiu de 1,03% para 0,42%, e pelo estágio das Matérias-Primas Brutas, que apresentou alta de 1,25%, menos expressiva que os 2,15% do mês anterior. Itens como minério de ferro e bovinos tiveram quedas significativas, enquanto produtos como laranja e cacau apresentaram aumentos.
Índice de Preços ao Consumidor (IPC)
O IPC, que mede a variação de preços para o consumidor final, registrou uma variação de 0,46% em junho, levemente acima da taxa de 0,44% observada em maio. O grupo Alimentação foi o principal responsável por essa aceleração, com destaque para o leite tipo longa vida, cuja taxa passou de 1,60% para 8,86%, e a batata-inglesa, que subiu de 6,39% para 23,26%. Outros grupos, como Vestuário, Habitação e Despesas Diversas, também contribuíram para o avanço do índice.
Índice Nacional de Custo da Construção (INCC)
O INCC registrou uma alta de 0,93% em junho, superior à taxa de 0,59% em maio. Este aumento foi impulsionado principalmente pelo custo da mão de obra, que subiu de 1,05% para 1,61%, refletindo a pressão inflacionária no setor da construção civil. A alta nos custos de materiais e equipamentos também contribuiu para o avanço do índice.
Preocupações com a Alta de Alimentos e Custos na Construção Civil
Os dados de junho trazem uma preocupação especial com os componentes do IPC e do INCC. A alta nos preços dos alimentos, especialmente leite e batata-inglesa, aponta para uma pressão inflacionária significativa no curto prazo. Este cenário é preocupante, pois o aumento nos preços de alimentos afeta diretamente o custo de vida da população, especialmente a de menor renda.
No setor da construção civil, o aumento nos custos da mão de obra e dos materiais pode levar a um encarecimento dos projetos, impactando negativamente o mercado imobiliário e a infraestrutura. Com a demanda por construções ainda em alta, a pressão sobre os preços tende a se intensificar, afetando tanto o consumidor final quanto os investidores do setor.
Impactos no Mercado, Câmbio e Taxa Selic
O avanço do IGPM e seus componentes tem implicações diretas para o mercado financeiro e a política monetária do país. A aceleração do IPC e do INCC pode pressionar o Banco Central a rever sua política de juros, especialmente se a inflação se mostrar persistente. Uma Selic mais alta pode ser necessária para conter a inflação, mas isso também encarece o crédito e pode desacelerar a economia.
No mercado de câmbio, a percepção de uma inflação alta e uma possível necessidade de aumento de juros pode fortalecer o real temporariamente, à medida que investidores buscam retornos mais altos em títulos brasileiros. No entanto, a volatilidade pode aumentar, dependendo das expectativas de crescimento econômico e estabilidade fiscal.
Panorama
A divulgação do IGPM de junho de 2024 traz um cenário misto, com sinais de desaceleração em alguns componentes, mas preocupações significativas com a alta dos preços de alimentos e custos da construção civil. Esses fatores exigem atenção redobrada do Banco Central e dos formuladores de políticas econômicas, que precisam equilibrar a necessidade de controle inflacionário com o suporte ao crescimento econômico. O mercado, por sua vez, deve permanecer atento às próximas movimentações e ajustes na taxa Selic e ao comportamento do câmbio diante deste cenário inflacionário.
FAQ
O que significa IGPM e qual a sua finalidade?
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGPM) é um indicador econômico calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele mede a variação de preços no atacado, ao consumidor e na construção civil, sendo amplamente utilizado para reajustes de contratos, tarifas e aluguel.
