Na sexta-feira, dia 07 de junho, o câmbio passou a se desvalorizar com força a partir das 09h30 da manhã. E não parou até o fim do dia. O Real perdeu 1,7% de valor num único dia. Não bastassem os problemas com as contas nacionais, estamos a mercê da economia global.

Em meio à turbulência do dia, o Peso mexicano sofreu a maior desvalorização (2,23%) seguida do Real. Apenas o Peso colombiano sinalizava valorização entre os latinos.
Mas, afinal de contas, o que ocorreu às 09h30 da manhã de sexta?
A divulgação de um dos dados mais aguardados do mercado: o Non Farm Payroll americano. Entender a geração de empregos na maior economia do planeta afeta a economia de vários países. A geração de vagas nos EUA subiu muito mais do que o esperado pelo mercado. O Bureau of Labor Statistics (BLS) anunciou a criação de 272 mil vagas não agrícolas. O mercado aguardava algo em torno de 180 mil.
O número supera a média mensal de 12 meses, 232 mil. Os setores que mais tiveram aumentos foram:
Saúde: +68.000 empregos, com aumentos em serviços de saúde ambulatorial (+43.000), hospitais (+15.000) e instalações de cuidados de enfermagem e residenciais (+11.000).
Governo: +43.000 empregos.
Lazer e Hospitalidade: +42.000 empregos, principalmente em serviços de alimentação e bebidas (+25.000).
Serviços Profissionais, Científicos e Técnicos: +32.000 empregos, com aumentos em serviços de consultoria (+14.000) e serviços de arquitetura e engenharia (+10.000).
Assistência Social: +15.000 empregos, majoritariamente em serviços individuais e familiares (+11.000).
Comércio Varejista: +13.000 empregos, com aumentos em lojas de materiais de construção e jardinagem (+12.000), mas perdas em lojas de departamentos (-5.000) e varejo de móveis (-4.000).
Mas você pode estar se perguntando, isto não é bom?
Sim, é ótimo, mas não para as perspectivas do mercado. O mercado aguarda o começo das quedas de juros nos EUA, entretanto, com sinais de mercado aquecido, a tarefa do FED de baixar os juros precisa ser adiada por um simples motivo: inflação.
A conta que o mercado faz é simples: a perspectiva da taxa de juros americana alta leva a uma fuga de capitais de países emergentes, pois é mais atrativo a remuneração em moeda forte do que em reais ou pesos mexicanos. Tal movimento também leva a pressionar a taxa de juros destes países, principalmente quando as contas não estão em ordem ou simplesmente a incerteza política é grande.
O Payroll americano sinaliza que o Banco Central brasileiro deve ter muita cautela em reduzir mais as taxas de juros por aqui. O mercado já aposta em alta da taxa em novembro, o que pode complicar nossa situação econômica para 2025. Os futuros de DI com vencimento em janeiro de 2029 apontaram uma taxa de 11,96% ao ano no fim da sexta-feira.

Sendo assim, independente do cenário positivo por aqui com relação à inflação e desemprego, seguimos no modo “good News is bad News”.