Em semana de decisão do Copom, o real ainda termina a semana como uma das moedas mais desvalorizadas. O trio completado com o peso argentino e a lira turca perderam mais de 10% do valor em 2024. De uma forma geral, as moedas emergentes desvalorizaram-se este ano, boa parte por conta da demora na queda dos juros americanos.
O mercado recebeu os dados do PMI americano para a indústria e para os serviços de junho. O indicativo é de crescimento. O setor de serviços permanece acima dos 55 pontos, o que leva a crer que seja difícil inverter o ritmo da economia. Sendo assim, com a atividade econômica em alta, investidores entendem que o corte de juros possa ser adiado por mais tempo.
Por outro lado, aqui no Brasil, completamos os dados da tríade dos setores mais importantes da economia. Como a atualização dos dados do IBGE ocorrem no começo do mês, temos até agora a condição dos setores até abril deste ano. Por meio de dados divulgados é possível entender em que parte do ciclo cada um dos setores se encontra. No acumulado de 12 meses, o setor de vendas de veículos surpreendeu nos resultados. Tanto o varejo como a indústria em geral e o setor de construção civil permanecem no quadrante de crescimento.

A preocupação fica por conta do setor de serviços que dá sinais de cansaço após a estupenda recuperação ocorrida a partir de 2022. O problema é que o setor de serviços é o maior empregador, tanto de vagas formais quanto de informais. Uma estagnação ou uma possível retração pode comprometer seriamente o crescimento do Brasil ainda este ano.
Mas se a economia não aparenta estar indo mal, o que tem trazido este clima de pessimismo ao mercado?
O foco agora encontra-se nas contas do governo que não têm convencido o mercado. A mudança nas metas fiscais trouxe muita desconfiança. A pressão dos gastos é forte. A PEC da transição, a correção do salário mínimo acima da inflação e as contas do sistema previdenciário, de saúde e educação estão trazendo inconsistência na sustentabilidade das contas do governo.
Através dos números emitidos pelo Tesouro Nacional, é possível acompanhar a tendência das contas públicas. No acumulado de 12 meses é clara a percepção de que o ritmo de crescimento das despesas é muito maior que das receitas.
Obviamente, quando um governo gasta mais do que arrecada, o resultado esperado não é dos melhores. O resultado nominal acumulado em 12 meses se aproxima de R$ 1 trilhão com tendência clara definida.
O resultado primário é basicamente a diferença entre o que o governo arrecada e o que ele gasta, sem contar os juros da dívida. O resultado nominal, por outro lado, é a diferença entre todas as receitas e todas as despesas do governo, incluindo os juros da dívida.
O resultado primário é basicamente a diferença entre o que o governo arrecada e o que ele gasta, sem contar os juros da dívida. O resultado nominal, por outro lado, é a diferença entre todas as receitas e todas as despesas do governo, incluindo os juros da dívida.
O problema agora é como financiar esta dívida. O governo recorre à emissão de títulos públicos e tenta a todo custo aumentar a receita através da sobrecarga de impostos. Infelizmente, o governo ligou o modo “desespero” e é onde reside o perigo. Se a taxa de juros parou de cair, ou ainda pior, volte a subir, o resultado nominal tende a ser cada vez pior. As taxas para se endividar ficarão cada vez maiores e a artilharia se volta para o setor produtivo já sufocado pelos impostos. O mercado está dando o recado através dos juros futuros e câmbio, a insatisfação é evidente. Entretanto, há a possibilidade de que estejamos vendo um exagero no recado. O governo está num beco sem saída. Aliás, a saída existe e sabemos qual é, porém, creio que ainda não há juízo suficiente para a execução.