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Radar Econômico – semana 20/2024

A tragédia no estado do Rio Grande do Sul deixou um rastro de dor e destruição irreparáveis, com perdas humanas inestimáveis. Apesar da imensurável dor das vítimas e da devastação causada, é necessário abordar os impactos econômicos decorrentes deste desastre para compreendermos o que pode estar por vir na economia do país.

Num primeiro momento, os impactos nos índices econômicos tendem a ser negativos. Indústrias, comércio e serviços parados. Empregos perdidos. Veremos piora nos números de desemprego, atividade industrial, renda média e PIB.

Pior do que a COVID, o gaúcho não tem alternativas a não ser esperar ajuda e começar a reconstrução. É sobre este último ponto que quero falar, pois vejo pouca gente dimensionando os impactos posteriores. Infelizmente, o palanque político já está sendo orquestrado. Para governos, desastres são oportunidades. Fica um aviso a quem traçou um cenário econômico no começo do ano, o panorama vai mudar. Quero elencar alguns pontos de reflexão a respeito da inflação e da taxa de juros.

Inflação

Nas semanas anteriores vínhamos notando uma inflação persistente nos alimentos. A demanda supermercadista e de farmácias permanece alta. Entretanto, a tragédia gaúcha tem potencial para agravar o quadro. O motivo é simples. A escassez de muitos produtos. O Rio Grande do Sul figura entre os maiores produtores de commodities importantes como soja, arroz, milho, trigo, fumo, uva, maçã, carne bovina, suína, aves, leite, lã, ovos, mel, couro e erva-mate. A tragédia deve proporcionar, em variados graus de impacto, escassez na oferta destas commodities. A pressão nos preços será inevitável.

O último levantamento do IGP-10 da FGV mostra já uma movimentação de alta tanto para produtores, quanto para consumidores. Porém, ainda é um dado preliminar, não pegou em cheio os impactos reais da tragédia.

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A reconstrução do estado deve ampliar fortemente a demanda de matérias-primas brutas em um curto espaço de tempo. Construir no Brasil deverá se tornar mais caro num curto espaço de tempo e também causará impactos no setor imobiliário, afetando valores de imóveis e aluguéis em muitos cantos do país, principalmente Sul e Sudeste.

Para agravar a situação, temos detectado um movimento de alta significativa de commodities industriais. O cobre, apelidado de “Dr. Copper” dada a importância na indústria global, atingiu a máxima histórica nesta semana.

O PVC, negociado na bolsa de Dalian, surpreendeu na sexta-feira com uma alta significativa e um volume recorde de negociação. Sinal de muita convicção na compra de grandes players do mercado. O PVC tem forte correlação com a construção civil.

Taxa de Juros

O consenso é de queda ao longo do ano da taxa SELIC. Contudo, o mercado mudou de ideia, e rápido. Segundo as últimas apostas, a taxa básica de juros deve parar de cair já na próxima reunião. De acordo com a Bloomberg, ela pode começar a subir ainda este ano.

A curva de juros mostra as expectativas do mercado para as taxas de juros no futuro. Na prática, ela indica quanto os investidores esperam receber ao emprestar dinheiro por diferentes períodos. Se a curva é ascendente, significa que os juros podem aumentar ao longo do tempo, refletindo expectativas de inflação ou crescimento econômico. No Brasil, isso impacta diretamente os custos de empréstimos e financiamentos, influenciando desde a compra de casas até os investimentos empresariais. É um termômetro crucial para decisões econômicas.

O gráfico abaixo mostra a negociação do contrato futuro de Depósito Interbancário (DI) com vencimento em janeiro de 2025. Nele estão refletidas as expectativas do mercado para esta data. É possível notar que a partir de março as expectativas para a taxa de juros foram alteradas. Após atingirem mínimas em torno de 9,8% fecharam a sexta-feira negociadas a 10,36%. Variações para cima de contratos futuros podem denotar uma percepção de piora na inflação ou contas públicas, por exemplo. É a taxa que o mercado “exige” no momento para emprestar capital ao governo.

Outra forma de avaliar a tensão no mercado é o breakeven. O breakeven de inflação é uma medida que reflete as expectativas do mercado sobre a inflação futura. Ele é calculado subtraindo a taxa de retorno de um título do governo indexado à inflação da taxa de retorno de um título nominal equivalente, que não é ajustado pela inflação. Se, por exemplo, essa diferença for de 5%, significa que o mercado espera uma inflação média de 5% ao ano durante o período do título. Perceba como as estimativas estão crescendo desde o início do ano.

Costumo dizer que não somos capazes de prever muita coisa. Porém, há sinais evidentes de que o cenário pode se complicar no médio prazo. Os relatórios de diversas associações ainda estão frescos e positivistas prevendo queda de juros e inflação ao longo de 2024. O bolor já começou a aparecer.

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Foto de Erasmo Fraccalvieri

Erasmo Fraccalvieri

Cenário Econômico Simples e Descomplicado

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